O escolhido da vez é Caixa de Pássaros- Não abra os olhos.
Volto aqui a minha tradicional escrita sobre livros.
Bom, o que posso dizer... Todas elas foram cumpridas com exatidão. Até a metade, eu ainda estava descrente sobre o rumo que a estória tomaria, até a noite em que escrevo essa resenha. Despretensiosamente, peguei o livro para ler alguns capítulos. Mas a história se tornou tão tensa, mas TÃO tensa, que ficou impossível de largá-lo antes do fim. Isso não deixa de ser comum entre nós leitores, mas havia um tempo considerável que isso não acontecia com a minha pessoa e me surpreendeu. Há tempos não pego um bom livro de suspense assim a ponto de me tirar a vontade de dormir- e o sono pela adrenalina ainda vigente.
Essa semana fui ao cinema assistir Rua Cloverfield. Bom filme, que talvez eu escreva mais sobre. De certa forma, o ritmo da narrativa do Caixa de Pássaros me lembrou muito o longa, com toda a expectativa sobre o bunker- que lembra a casa dos sobreviventes- se havia de fato algo do lado de fora ou não-criaturas ou alienígenas- qual teoria estava mais certa, todo o suspense envolvido em nunca saber o que vem em seguida, como o inimigo funciona ou age... São muitas as comparações. Todas elas positivas. Talvez eu seja suspeito para falar porque sou fã de suspense e terror psicológico. Suspeito ou não, recomendo o livro para quem é fã das mesmas características. Caso não goste de pressão e adrenalina o tempo todo- ou quase-, talvez concorde com algumas opiniões negativas que rondam o autor e sua estreia sobre falta de amadurecimento da estória. Sabe, posso dar razão a algumas dessas críticas. Achei que a narrativa poderia ter um pouco mais de detalhes, apesar de eu passar longe de ser um fã desse tipo de escrita super detalhista, e os personagens poderiam ser melhor trabalhados. Além de Malorie, Tom e Gary, nenhum personagem se destacou e me fez ficar preso, torcendo de verdade. Creio que isso se deve ao que já foi dito, a esse livro ser o primeiro do autor que ainda tem muito a melhorar. Como destaque positivo, elejo a adrenalina constante e a brilhante ideia central de criar um inimigo invisível, que não sabemos quem é, de onde veio e o que faz com as pessoas, deixando-as aparentemente enlouquecidas. Aliás, não sabemos se essa é a melhor teoria, mas a que parece mais válida. Até mesmo a narrativa ágil e leve merece elogios, pois faz a história fluir bem e a leitura passar como um raio. Como já mencionei, faltou mais desenvolvimento de algumas cenas, diálogos e climax, mas isso não tira a graça da narrativa leve, que é a minha preferida, objetiva e sem delongas.
Mais um acerto foi escrever com idas e vindas entre o passado e o presente. Ao mesmo tempo que você já sabe o que lhe espera, com Malorie viajando sozinha com os filhos pelo barco, surge a curiosidade para saber como aquilo aconteceu e onde estão as pessoas que a acompanhavam na casa de sobreviventes. Gostei dessa técnica, deu uma graça maior.
Como destaque negativo, indico o final. Sei que pode ser decepcionante saber que a última parte de um ótimo livro não teve o desfecho como merecia, mas preciso ser sincero. Ele foi o suficiente para parecer agradável, deixar os leitores satisfeitos, mas passou longe de ser original ou imprevisível, como a maioria acaba não sendo. Para fechar, a elogiada narrativa que poderia ser um pouco mais detalhada para ser perfeita. Agora, se o propósito do autor foi escrever de forma a direcionar o mistério e aumentar a tensão, ele conseguiu.
Nota: 9 de 10 estrelas
P.S: Os direitos já foram comprados pela Universal. Em breve, talvez em 2017, seja lançado o filme. Tenho certeza que será uma ótima adaptação.